24 de mai. de 2010

Lutar

Tentei me libertar do que me aflingia, eu estava caindo, mais e mais, no abismo do nada. Eu estava sufocando e caindo, tentei gritar, mas minha voz havia sumido.
 Tentei me lembrar como havia parado lá, onde eu havia estado, como entrara naquele escuro, mas nada me veio à cabeça além de uma queimação revital e desesperadora no peito. Pensei ouvir alguém me chamando, uma voz masculina, distante, e depois ficou tão real. Eram várias vozes de várias pessoas, já não era mais na minha cabeça. As vozes me chamaram, claras como se ditas frente a frente. Tentei responder, nada.
 Gritei, ou tentei, já que a minha voz não saía. Eu estava me esquecendo do tempo, do espaço, de mim.
 Um lampejo. Pessoa olhando inclinadas sobre mim, falavam meu nome, algumas das vozes estavam embargadas. Fui tomada pelo desespero.
 Estou morta? Não! Não posso estar! Não fiz tudo que queria!
 No lampejo descobri que tentavam me reanimar, estavam de branco. Médicos, era claro.
 Ciente de que estava indo embora, fiz força para voltar. Transformei o máximo que consegui qde toda aquela calma em raiva, sabenmdo que, quando com raiva, temos mais inspiração para desafiar coisas e pessoas. Agora eu estava desafiando a morte. Desafiando-a à me largar.
 A minha voz vai sair, eu vou voltar. Eu tenho que voltar!
 Eu me sentia gritando, mas não havia voz, me encolhi, tentando puxar algum impulso. Me estiquei, mergulhando, minha voz saiu. Primeiro um ronronar, depois um grito distinto, vi todos à minha volta chocados com o fato de eu ter voltado.
 Me lembrei do anjo que vi antes de começar a cair, com uma vestimenta leve e longa, ele me chamava.
 Como eu havia me esquecido dele? Agora me lembro que contra a minha vontade, aceitei, sinalizando um sim erroneamente.
 Me dei conta de que havia sentado quando os médicos me pressionaram levemente para eu voltar a me deitar. Eu estava na maca, no asfalto.
 Senti gotas quentes caírem em mim, minha melhor amiga chorava.
 Quando olhei aonde as lágrimas haviam caído ví algo vermelho escuro. Eu estava sangrando muito.
 Havia gente parada nas calçadas, olhando.
 Os paramédicos me colocaram na ambulância, Jenny entrou também, enxugando os olhos, a mão enfaixada. Ela me viu olhando;
_Ah, me cortei, mas já tá tudo bem. Ela sorriu gentilmente.
 Pisquei, sem disposição para dizer algo. Eu estava grata por ela estar comigo naquele momento.
 Eu só queria ver meus amigos, minha família, as pessoas que eu amava, e alertar-lhes sobre oque os esperava.

23 de mai. de 2010

Esse foi feito pela minha mãe. :}

A vida.

A vida é só uma
Ela tem que ser vivida,
Mas viver a vida é ser alegre,
É fazer amigos,
É espalhar felicidade.

Quero viver a vida,
Quero ser alegre,
Quero ser feliz,
Não prisioneira.

Porque tenho casa,
porque tenho comida,
mas meus sonhos estão passando,
assim como a minha vida,
que não está sendo vivida.

Ivone de Carvalho.

Paralisado.

Inalei profundamente o ar, senti notas cítricas de perfumes familiares. O paletó azul marinho de riscas pendurado na cadeira, algo branco caia da torneira, meio cristalino, meio impossível de descrever.
Mary, John, Louise e Ben sentavam-se à mesa. Mas... todos parados. Todos estranhamente parados.
Os cabelos castanhos de Mary estavam parados no ar em um movimento de que estava sendo jogados para trás, as mãos perto dos ombros, ela não se mechia.
John estava com as mãos ocupadas, uma em uma torrada, e a outra passando manteiga com uma faca no alimento, o jornal com folhas sendo levantadas pela brisa insensível ao lado de seu antebraço. Ele também não se mechia.
Louise trocava de música em seu dispositivo de aúdio com a mão esquerda, a direita esticavasse para seu copo com suco de uva. Estranhamente imóvel.
Ben mordia um sanduíche imenso com três camadas. Nenhum movimento.
Olhei para pia, o que caía da torneira chamou a minha atenção. Aproximei-me lentamente, analisando.
Havia um pote sujo, e o que estava na torneira batia no pote e fazia milheres de gotículas, cristais pequenos, grudados no ar.
Passei a mão no que saía da torneira, era úmido. Aproximei a mão do rosto, cheirando. Não tinha cheiro.
Espere, isso é água?!
Desesperado olhei para janela, uma folha pairava no ar, paralisada.
Me prostei diante da janela e olhei para fora. Um bando de pássaros estavam com as asas arqueadas, paradas, no meio do ar.
Olhei para o relógio, parado. Olhei para o meu relógio, parado.
_Oque está acontecendo? Alguém por aqui? Alguém vivo?
O tempo estava paralisado. E eu solitário respirando.

28 de fev. de 2010

Sinceridade.

Meu blog não tem exatamente esse objetivo, de expressar meus pensamentos sobre os assuntos, assim, vindo de mim na imensa cara de pau. O correto seria eu, no mínimo, falar com meu eu lírico, mas não dessa vez.
Estava percebendo como as pessoas sempre esperam por um romance de contos de fadas, sempre querem estar em apuros e que um alguém bonito e legal apareça do nada e as salve. Foi então que percebi como penso diferente delas.
Desde que me entendo por gente, nunca quis isso, para que um príncipe encantado?
Uma pessoa da qual você nem sabe da existência que vai lá se exibir para te salvar, só para dizer que fez tal coisa, e dizer que te ama mesmo sem te conhecer? O amor não nasce assim, e essa história é patética.
A verdade é que, na minha opinião, isso seria super sem graça, como assim te ama? Se nem te conhece?
Para mim um conto de fadas verdadeiro seria um amor longo, duradouro, feito por amigos. Aquele que te conhece, e que vai te acolher quando você precisar, e te salvar de você mesmo quando você não conseguir se compreender ou continuar respirando, quando estiver à ponto de fazer alguma besteira. Alguém que vai te olhar nos olhos sempre, segurar a sua mão, e deixar a áurea de amor transbordar por todo seu ser. Alguém não necessariamente bonito, ou conhecido, ou exibido, somente alguém. Aquela pessoa que te conheça melhor que você mesmo, e que te faça sorrir quando tudo desabar, que te ajude a levantar, e que ao invés de fingir nunca errar, admitir o erro. Um alguém que te respeite, te conheça de verdade, te aceite como você é. Um humano comum, uma pessoa suscetível à erros e defeitos.
Isso é o que eu espero, ao invés de um amor inexistente e imaginário.

31 de jan. de 2010

Dois meses depois...

Olhe só como tudo desabou
Suas palavras vazias, seus olhares apaixonados
Você estava ali, sonhando acordado, como um louco, como quem ama
E então você some, não me deixa nem o rastro
Acha que não tenho direito de dizer
No entanto sabes que eu tenho razão
A sua falta de beleza, e de senso, tudo me encomoda tremendamente
Você não quer aceitar, mas posso ver que minhas palavras tocam a sua alma
Não minta, não fuja, não se engane
Não faz diferença para mim, mas o remorso te estampa
Só ouça, feche os olhos, e coloque tudo para fora
Eu quero ouvir você dizer tudo oque sente
Mas as palavras que da sua boca sairão já sei quais são
Não irei te consolar, só te ouvir, mas não prestar atenção
Depois de me ver dispersa, distante, enquanto você fala
Depois que me implorar perdão, levantarei
Darei-te as costas, e nos meus olhos nunca mais irá olhar.

30 de nov. de 2009

  Como conviver com aquilo? Sei que vou acabar morrendo, mas, sinceramente, não tenho medo, ninguém morre de véspera.
Eu posso mudar isso, mas fugir e esconder-se é para fracos. Não é um jogo, definitivamente não é!
 Eu nunca gostei de ninguém assim, tão intensamente, quase visível - exceto minha família.
 Se eu pudesse eu trocaria com ele, só para deixá-lo ser feliz. Transformando-me em lobisomem o tempo que fosse necessário, nem que fosse por uma noite, uma semana, ou então a vida toda.
 _Eu vou achar a cura para isso, definitivamente!- Eu disse, dando um soco no colchão, lágrimas escorriam de meus olhos.
 Eu gostaria de protege-lo, mas como seria possível quando é genético? Quando nasceu com ele, quando faz parte dele?
 Ele me contou que o que dói não é transformar-se em lobisomem, e sim o fato de ser um.

13 de nov. de 2009

"Tudo começara e ainda assim terminara ao mesmo tempo.
Eu podia sentir as mudanças disparando desenfreadamente em minha direção, e então eu não poderia correr, não poderia me esconder, mas eu também não poderia fechas os olhos e ficar parada... Eu relutaria por mais que isso fosse inútil, a mudança começara dentro de mim, eu não quero, no entanto, não havia nada no qual eu poderia fazer para não mudar."

7 de nov. de 2009

Lucas que deu a idéia > Cinderela Vampira *-*

"Ao contrário do que todos pensavam, eu não era perfeita, e não evitava o sol por que me fazia mais pálida, mais bonita, e muito menos porque deixava mais óbvio que eu fazia parte da realeza... A verdade é que o sol expõe tudo aquilo que deve ser escondido por mim, tudo aquilo pelo qual eu zelo, oculto de tudo e de todos mais por sobrevivência do que por discrição."